quarta-feira, 7 de novembro de 2012

A União e sua “senzala”

A Reunião em Defesa dos Municípios de Minas Gerais, realizada ontem, na Assembleia Legislativa, foi marcada por um veemente protesto do deputado Dinis Pinheiro, presidente da Casa, para quem “não existe um pacto federativo no Brasil, e sim uma federação capenga e fantasiosa. Vivemos hoje uma relação de escravidão com a União, onde os estados e municípios são escravos de senzalas”, advertiu. No seu protesto, ele era ouvido por 130 prefeitos e 80 vereadores, numa reunião em que a questão mais polêmica foi a queda no repasse de recursos federais às prefeituras, por meio do Fundo de Participação dos Municípios (FPM). Uma advertência dos que em breve estarão assumindo: a redução chegaria a R$ 9 bilhões, do total devido aos municípios, sendo R$ 2,3 bilhões só em função de mudanças feitas pela União em duas das fontes que compõem o Fundo - a redução do IPI sobre automóveis e alíquota zero da Cide sobre os combustíveis. Os atuais prefeitos antecedem seus sucessores numa queixa fundamentada: o governo federal não repassou aumentos dos combustíveis ao consumidor. No caso particular de Minas Gerais, a perda foi de cerca de R$ 240 milhões.
Cadastro
As pesquisas demonstraram, mais uma vez, que a maioria dos eleitores não confere importância aos partidos políticos, quando o que está em questão é o voto; salvo exceções que confirmam a regra. É um grande desafio para os dirigentes, que têm outra tarefa a executar: o recadastramento dos filiados. Há casos em que o cidadão se desligou dez anos atrás e seu nome ainda não teve baixa nas fichas. São detalhes que contribuem para confirmar o que todos sabem: a organização partidária precisa passar por uma reciclagem.
O modelo
Depois de delegar missões e responsabilidades aos que vão integrar seu secretariado, tarefa das mais delicadas, o prefeito Bruno Siqueira terá de montar barraca em Belo Horizonte e Brasília, onde estão as fontes de financiamento de obras necessárias e prometidas. Estar sempre em Brasília para se obter bom resultado tem um exemplo no reitor da UFJF, Henrique Duque, a quem se atribui talento e faro para descobrir onde estão as verbas.
Balanço tucano
Após se dedicar à campanha de Custódio Mattos no primeiro turno, o PSDB fez um balanço de sua participação no segundo, quando levou apoio à candidatura de Bruno Siqueira, do PMDB. O partido não deixou dúvida quanto a essa adesão, o que também foi confirmado agora no registro do manifesto de membros do diretório tucano apontando para “uma ampla união em nome dos reais interesses da população”. Havia ficado do segundo turno a suspeita de que teriam sido pouquíssimos os tucanos do diretório que aderiram. Na verdade, foram 69.
Outra tarefa
O PT tem tempo marcado para concluir a avaliação dos problemas que enfrentou nas recentes eleições, para logo em seguida trabalhar numa tarefa da qual não pode se esquivar: a organização da bancada de oposição ao novo prefeito na Câmara. Com apenas duas cadeiras que o eleitorado lhe confiou, o PT terá de arregimentar apoio em outros partidos, para que possa fazer prosperar o discurso contrário. Trata-se de missão complicada, porque as manifestações dos vereadores até agora conhecidas são francamente favoráveis à administração que vai começar.
A alegria de Dilma
A presidente Dilma levantou dois polegares e com as mãos deu formato de um coração para saudar a vitória de Barack Obama para a presidência dos Estados Unidos, e prometeu que logo em seguida faria um telefonema a Washington, cumprimentando-o. Estava deixando a 15ª Conferência Internacional Anticorrupção, em Brasília. Nessa mesma conferência, ao discursar, ela fez elogio a Obama, ao tratar da importância das parcerias internacionais no combate à corrupção. Trata-se de parceria que foi firmada com os Estados Unidos “para estimular governos de todo mundo a aumentar o acesso a informações públicas”. Obama venceu as eleições ao obter, ao menos, 303 votos no Colégio Eleitoral (eram necessários 270), contra 206 de Romney. Foi uma vitória apertada, mas ao meio-dia de ontem ele tinha 50% dos votos, contra 48% do republicano, em uma diferença de pouco mais de 2,6 milhões de votos. O presidente reeleito enfrentará de novo o Congresso dividido, com maioria republicana na Câmara dos Representantes (equivalente à Câmara dos Deputados) e os democratas no controle do Senado. “Quero me sentar com eles e ver no que podemos trabalhar juntos para fazer com que os Estados Unidos avancem", disse Obama.
Pequena diferença
Parece que vai além de um gesto de cortesia a manifestação da presidente brasileira sobre o resultado da eleição presidencial nos Estados Unidos. Ela realmente se alegrou. Mas, quando se trata de visualizar os interesses do Brasil frente a Obama e Mitt Romney, vale dizer, entre o democrata e o republicano, a real diferença não está na condescendência, mas na forma de tratamento. Os democratas ferem, mas oferecem algum analgésico; os republicanos nem isso. (( publicada também na edição desta quinta-feira do TER NOTÍCIAS ))

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