sábado, 22 de junho de 2013

Na escuridão

Consultas e reunião ministerial de emergência não foram suficientes para o governo assimilar onde ou com quem estará a inspiração para os últimos acontecimentos que tomaram as ruas e avenidas mais importantes deste País. A equipe da presidente Dilma ainda navega na escuridão.
O melhor caminho, contudo, é partir do entendimento de que as queixas em relação ao transporte coletivo foram apenas a gota que faltava para entornar; tanto que elas foram retiradas e os protestos prosseguiram.
O governo se coloca diante de uma situação delicada e está desacreditado, porque o que as ruas estão exigido é tudo que o PT prometeu na sua década de poder, não fez, e a gestão de Dilma não terá mais tempo para fazer.
Ponto de vista
Sobre a atual temporada de manifestações, recebo a seguinte análise de Marcelo Frank, de longa militância na política de Juiz de Fora:
“Vejo algumas análises precipitadas de militantes de outrora comparando a conjuntura atual com momentos ruins da nossa história recente. É natural que as comparações aconteçam por aqueles que já vivenciaram um passado de autoritarismo, perseguição, tortura e morte. Mas acho que há somente semelhanças. É necessário que façamos uma autocrítica sobre a forma de se fazer política nos últimos vinte anos. Será que as organizações da sociedade civil e os partidos políticos que atuam no campo democrático-popular desenvolveram uma metodologia de politização correta? Será que o exercício do poder, nos diferentes níveis de governo, enfraqueceu o trabalho de base na conscientização da nova geração? Será que a desqualificação política das atuais manifestações populares é o discurso mais apropriado para o momento?”
Festa nos muros
As manifestações populares em Juiz de Fora venceram a semana sem excessos de violência, e neste particular parece ter sido destaque entre cidades que não são capitais. O que não impediu que os muros e paredes fizessem a festa dos pichadores, com frases contra o governo, os Tribunais, Congresso, partidos, o Papa e contra Dilma. Contra quase tudo.
Para digerir
A semana termina tendo como novidade um movimento interno no PSDB mineiro para exigir que o partido entre em 2014 lançando candidato próprio ao governo do estado. É o que revela documento divulgado ontem pelos secretariados do PSDB Mulher, Jovem, Sindical e o Núcleo da Militância Negra, o Tucanafro. Entendem que o partido tem “um quadro de pessoas comprometidas com Minas Gerais com capacidade e competência para dar continuidade aos avanços promovidos por Aécio Neves e Antônio Anastasia nos últimos dez anos”.
Falta pouco
Com algo em torno de R$ 1 milhão será possível concluir as obras da adutora que vai trazer, para os consumidores de Juiz de Fora, a água da Barragem de Chapéu D'Uvas, resolvendo problemas do abastecimento para as próximas duas décadas. A inauguração poderá ocorrer dentro de doze meses.
É a previsão da equipe do prefeito Bruno.
Jovens e números
Já que a juventude pontifica nas manifestações de rua, vale lembrar que, conscientemente ou não, o que ela pede é um novo modelo político. Basta lembrar: nas eleições mais recentes, os jovens têm representado 3/5 das abstenções, votos em branco e nulos. Dado suficiente para se entender o fenômeno.
Considerando-se que dentro de seis meses o Brasil entra no ano eleitoral, as preocupações dos partidos e dos marqueteiros deverão cuidar do comportamento do voto jovem. O que esse eleitorado quer?
Aliança legal
Em breve, os partidos estarão colocando como primeira preocupação as alianças com que pretendem eleger seus deputados e senador, mas nem sempre conferem importância ao que a legislação eleitoral exige para que tenham validade os acordos. Anis José Leão, certamente em Minas grande autoridade em Código Eleitoral, tem críticas sobre o procedimento de partidos no estado, e vê equívocos na chamada “aliança informal”, principalmente entre PSDB-PP e PT-PSB.
Explica o especialista que “ aliança é o mesmo que coligação. E coligação, de direito, é tema que o artigo 6º da Lei 9.504/97 disciplina claramente”, a começar pelo fato de que tem de ser aprovada em convenção pelos partidos participantes. Além disso, a coligação tem nome próprio. Perante a Justiça Eleitoral, ela funcionará como um partido.
O peso da Mata
O eleitorado da Zona da Mata (incluído o município de Barbacena, que faz parte da Vertentes) terá peso em 2014, quando Minas continuará sendo a segunda maior população de eleitores do País, e provavelmente com um candidato à presidência da República. Já em outubro do próximo ano, segundo estimativas de deputados experientes nessas disputas, os mineiros desta região terão chegado a cerca de 2,1 milhões. O entendimento que se tem é que, no conjunto, a participação da Mata será considerada a segunda, logo abaixo da Zona Metropolitana de Belo Horizonte.
Os sete maiores municípios representariam, em números redondos, cerca de 1 milhão de votos válidos. São eles: Juiz de Fora, Barbacena, Ubá, Muriaé, Manhuaçu, Ponte Nova e Cataguases.
Nomes que faltam
PMDB e MD já têm, com grande antecedência, candidatos certos à Assembleia Legislativa: Isauro Calais e Antônio Jorge Marques, mas não sabem quais os nomes para deputado federal. Para os peemedebistas poderia ser o reitor Henrique Duque, se este for realmente seu projeto. O PT tem assegurada Margarida Salomão para disputar novo mandato na Câmara dos Deputados, mas nada sabe sobre candidato à Assembleia, o que também é dúvida para o PDSB, onde a vaga para federal fica em aberto para Marcus Pestana. No PR também falta nome para a Assembleia, mas o federal é Edmar Moreira. Quanto ao PDT, o deputado federal Mário Heringer, médico formado pela UFJF, deve fazer de Juiz de Fora um dos principais redutos para se reeleger.
Claro, essa lista haverá de engordar muito nos próximos meses.

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