domingo, 30 de outubro de 2011

Finados, só para refletir

Ideal que o Dia de Finados, depois de amanhã, não servisse apenas para os churrascos com os amigos ou as visitas atropeladas aos cemitérios, mas, antes de tudo, que se prestasse a uma cuidadosa reflexão sobre a morte, para onde caminhamos todos, por mais que queiramos nos imaginar como fantástica exceção. A vida do homem e as relações com outrem se aperfeiçoam na valorização da morte, o que há dois mil anos tem levado os cristãos a aprender e ensinar que o verdadeiro sentido da experiência humana é estar preparada para o que vem depois. Não obstante, alguém já teria dito que bom mesmo é morrer jovem, com a idade bem avançada...
E se a morte é eterna, sem retornos e sem avanços, a duração do viver é o de menos, principalmente “depois de se contemplar o voo dos pássaros, a alegria das flores ao sol, as cores e linhas de um quadro de Velasquez, qualquer que seja a duração da nossa vida”, no dizer de Mauro Santayana.
Olhando melhor esse grande mistério vivido pelos que nos antecederam, não há quem possa desautorizar o teólogo Leonardo Boff, quando escreve que somos inteiros, mas não prontos. Porque vamos nascendo lentamente, até acabar de nascer. É quando estamos morrendo.
Volta-se então à natureza. Nesse passo, ouça-se Darcy Ribeiro:
“Morte é quando a pulsão da vida que está na carne se apaga; então a carne volta a ser o que ela é; volta à natureza cósmica”. Por isso, poder-se-ia dizer que a grande coisa que há na vida é o nascimento da morte. Fato soleníssimo, tanto que no momento da partida os familiares e os melhores amigos nunca abrem mão de segurar as argolas do caixão, “um dever cordial e intransferível”, como explicou Machado de Assis, em suas ”Histórias sem Data”.
Mas, se a questão está em refletir no Finados que chega, interessante é notar que a literatura e os melhores pensadores alternam-se entre os mais elaborados e os simplistas. Quanto aos que adotam a simplicidade para explicar coisa tão complicada e misteriosa, ninguém foi mais direto que Fernando Pessoa: “Morrer é só dobrar a esquina, não ser visto mais”.



Essa insegurança é fogo!


O assunto da semana, ainda fumegante e sinistro, foi o incêndio que destruiu meia dúzia de prédios comerciais, o que perturbou a vida da cidade, provocou desemprego de dezenas de pessoas e prejuízos materiais que ainda não puderam ser calculados em toda a sua extensão.
Ficaram disso as visíveis deficiências de um serviço que devia ter tudo a ver com a segurança da população, não apenas quanto aos recursos para o combate a incêndios mas também ações para impedir que eles aconteçam. Trata-se, portanto, do que o Corpo de Bombeiros pode e deve fazer preventivamente, isto é, antecipar-se ao fogo, saber onde mora o perigo, agir com rigor no caso de empresas que trabalham em regime de total descuido, atropelando normas minimas de segurança. Cobrar, autuar os negligentes, e, se preciso, recomendar que seus estabelecimentos sejam interditados.
Não há fiscalização em relação ao cumprimento das normas. Se houvesse, certamente aqueles prédios estariam isolados há algum tempo. Espanta saber que os bombeiros militares geralmente agem só quando são demandados; quer dizer, quando o proprietário pede para ser multado...
Há cerca de vinte anos foi celebrado um convênio entre prefeitura e bombeiros para que, juntos, mantivessem permanente fiscalização preventiva contra incêndios. Onde anda esse papel?



PCdoB com
a bola toda

A estes primeiros meses do governo Dilma não têm faltado surpresas e solavancos, além de seis ministros naufragados nos mares da corrupção; e, agora, o menos esperado, o câncer para preocupar seu primeiro e principal patrono, o antecessor Lula. Nessa linha dos inesperados, insere-se a situação criada por um capricho da política, que mantém o PCdoB, o mais modesto entre os partidos da base parlamentar, no comando do Ministério dos Esportes. É um posto que poderá projetá-lo internacionalmente, graças a dois eventos notáveis: a Copa do Mundo e as Olimpíadas.
Esperava-se coisa bem diferente. Com a crise financeira ameaçando o mundo, a expectativa era que a projeção no Exterior fosse do ministro Guido Mantega, que é da área, e o mundo sabe que ele tem as chaves de reservas que andam aí pela casa dos 300 bilhões.


ONGs sem
fiscalização


São antigas as suspeitas de que nem todas as ONGs – Organizações Não Governamentais – têm sincera e desinteressada disposição de ajudar o Brasil a resolver seus problemas. Sob o manto da filantropia ou da orientação religiosa, geralmente praticada em pontos distantes dos grandes centros (há um gosto especial pela Amazônia) elas já fizeram muito para justificar a fiscalização de suas ações. Mas o governo não revela ânimo para tanto, nem mesmo quando se denuncia que uma delas chegou a estimular índios do Pará a lutarem pela separação de suas aldeias, constituindo-se em nação independente.
Enquanto isso, as evidências vão se acumulando. Orlando Silva, ex-ministro dos Esportes, caiu por causa das relações suspeitas com uma ONG que lhe destina generosidades. Agora, o ministro Carlos Lupi é chamado a explicar o destino de outros recursos do Trabalho envolvendo ONG.

(( publicado também na edição desta segunda-feira do TER NOTÍCIAS ))

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