quarta-feira, 4 de abril de 2012

Terceira via

Por mais salutar e estrategicamente inteligente que seja a sugestão aos deputados Bruno Siqueira e Júlio Delgado para que se sentem à mesa e se acertem na disputa da prefeitura, a possibilidade de um desistir em favor do outro só ocorreria com a interferência direta do alto comando dos partidos a que estão filiados: PMDB e PSB.
Nesse caso, o caminho mais fácil para os articuladores talvez fosse uma terceira via, alguém que, pelo menos ocasionalmente, possa representar o consenso.




Indisposição

Uma conversa com deputados mais influentes das bancadas pesadas revela que, ao contrário do que tem sido anunciado, não há disposição de se abrir discussão objetiva sobre a reforma política logo após as eleições de outubro. E, se for possível, só se tal disposição vier no primeiro semestre de 2013, porque logo depois a classe política já estará cuidando da sucessão presidencial.
Observe-se que uma eleição é sempre pretexto para se engavetar a reforma política, o que não deixa de ser irônico.




Máquina enxuta

Há meses, o presidente nacional do PMDB, Valdir Raupp, recomendou que os ministérios fossem reduzidos de 38 para 28, o que a presidente Dilma poderia fazer, tecnicamente, sem maiores dificuldades, a não ser enfrentar o azedume dos partidos da base que são contemplados no primeiro escalão. Raupp deve ter sido contrariado nessa declaração, até mesmo em seu PMDB, que é cliente privilegiado na distribuição de cargos.
Mais importante que reduzir as despesas com os excessos ministeriais, é a própria funcionalidade da máquina do governo: os ministros são muitos, vivem atropelando deveres e atribuições, causando prejuízo geral.


Os dependentes

Há um componente na análise dos paulistas sobre o momento político que não pode ser desconsiderado. Na verdade, boa parte do que vai acontecer em 2014 fica na dependência do quadro que será traçado pela eleição dos prefeitos das grandes cidades em outubro próximo. Os tucanos de Minas não relegam esse detalhe, mas não o veem capaz de comprometer uma pré-candidatura presidencial, pois consideram que em 2014 vai predominar a tendência pela renovação, isto é, nem Dilma nem Lula. Talvez nem São Paulo, que já deu oito anos de Fernando Henrique e mais oito de Lula.
Quem se lançar agora nessa campanha, complicada e extenuante, não terá como ignorar que são vários os fatores que podem influenciar os eleitores no momento de considerar o novo presidente. É o caso da economia nacional, pois não se sabe como estará frente aos desafios da crise internacional. Os candidatos, sejam lá quem forem, terão de estar preparados para elaborar defesas e indicar soluções para preservá-la de dificuldades maiores.



País biométrico

Nas eleições de 2018, não antes disso, mas não muito depois disso, os brasileiros votarão com a impressão deixada pelo dedo, diz o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Ricardo Lewandowisk, que prevê para aquele ano a biometria estendida a todo o Brasil. Otimista, ele acha que isso será mais uma contribuição para modernizar o sistema eleitoral e, portanto, menos influência dos corruptos e dos “fantasmas” nas votações.
A se confirmar a previsão do ministro, não mais haverá necessidade de aperfeiçoar os títulos, que até lá já serão peça de museu.



Velha desconfiança

Em 1982, quando estava prestes a ser garfado pela Proconsult e perder um mandato, Leonel Brizola denunciou que a manipulação da urna eletrônica era um crime possível. Não tinha elementos técnicos, mas a própria pele para comprovar.
Agora, o Tribunal Superior Eleitoral anuncia que vai modificar o software do sistema de votação para reforçar a segurança do processo. A decisão foi tomada depois que um grupo de especialistas chamados pelo tribunal conseguiu, em um teste, violar o sistema das urnas. Eram professores de tecnologia da informação da Universidade de Brasília, que encontraram fragilidades no software e conseguiram saber, por exemplo, quem foram os escolhidos do primeiro eleitor, do segundo, e assim por diante.

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De Memória

Dependentes

Em setembro de 1979 desconfiava-se que a população de dependentes químicos em Juiz de Fora havia atingido uma proporção incômoda, talvez nesse particular à frente de grandes capitais. Mas os serviços assistenciais reclamavam dados concretos, como primeiro passo para se aplicar uma política de combate às drogas. A primeira informação partiu do delegado de polícia Clírio Resende, da Ordem Social, garantindo que a cidade já contava com cerca de 4.000 dependentes. O que representaria um aumento de cerca de 50% em relação aos anos anteriores.

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(( publicado na edição desta quinta-feira do TER NOTÍCIAS ))

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