segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Página virada

A impossibilidade de Custódio Mattos obter mais um mandato foi o capítulo final de três décadas em que a prefeitura esteve, alternadamente, com ele, Tarcísio Delgado e alberto bejani. Fecha-se um ciclo que os críticos deles chamam de revezamento, não alternância.... Convém registrar, ainda no clima de ressaca da campanha eleitoral, que o peso desses trinta anos de raras mudanças figura entre os fatores que se associaram para prejudicar o projeto da reeleição do atual prefeito. De fato, dos três protagonistas Custódio era o único exposto ao voto do eleitor. A cidade não tinha, até então, uma história de longas permanências no poder, exceção apenas para os 12 anos em que, nas décadas de 50 e 60, Olavo Costa e Adhemar Andrade se alternaram. Bruno e Margarida, levados ao segundo turno por cerca de 220.000 votos, decidem no dia 28 quem começa a escrever o novo capítulo.
Persistente
Mais votado no domingo, o vereador Isauro Calais disse ontem que vai entrar em seu quinto mandato disposto a privilegiar, na Câmara, as preocupações com os idosos. “Tomo por base dados das Nações Unidas para concluir que em breve estaremos nos aproximando do 40% de idosos na população”, disse ele. Perguntado se a votação que alcançou voltaria a estimulá-lo a disputar uma cadeira de deputado dentro de dois anos, o vereador disse que “agora só vamos pensar na eleição de Bruno no segundo turno”.
Belo argumento
Defensores do voto obrigatório certamente se animam quando analisam o quadro dos eleitores ausentes em pleito como o que tivemos no domingo, numa cidade geralmente incluída entre as mais politizadas. A votação deixou de ter a participação de 100.232, resultado da soma de 17.33% de abstenção, 3.48% dos nulos e 6.95% dos votos em branco. Se com o voto obrigatório a ausência chega a esse nível, o que pensar se fosse adotado o voto facultativo? A cidade estaria correndo o risco de não ter participação suficiente. A ausência ganharia da presença.
Novo mapa 1
Deve ocorrer, nos próximos quatro dias, uma visita do deputado Bruno Siqueira ao governador Antônio Anastasia. Uma oportunidade para se conversar sobre os resultados eleitorais de domingo e o novo mapa político deles resultante. O candidato do PMDB é considerado, no segundo turno, a opção natural dos eleitores que no domingo votaram em Custódio Mattos, mas uma posição oficial depende da análise de alguns dados, e há interlocutores já trabalhando para isso.
Novo mapa 2
De fato, não está cedo para se tratar da elaboração do mapa político que vai conduzir o segundo turno. Há uma expectativa de que alguns dos partidos que ficaram com Custódio se desloquem agora para a campanha de Bruno Siqueira, mas ainda há algumas dúvidas, como no PDT, onde uma corrente defende que não se deva apoiar nenhum dos dois candidatos, porque ambos hostilizaram Custódio Mattos, a quem o partido deu apoio. No PSTU, que disputou no primeiro turno em linha própria, a candidata Victória Melo também considera que não deve haver manifestação de preferência.
Inesperado
A análise que se fizer da formação da futura Câmara vai revelar que foram raras as surpresas de domingo. A principal delas, a não reeleição de José Figueirôa, do PMDB, explicada por dois fatores adversos: o vereador perdeu o grupo peemedebista que o acompanhava, e lhe negou apoio por não ter participado da dissidência contra Bruno Siqueira. E também teve contra si a entrada de outro candidato na Amac, onde sempre predominou. No PT, segundo os próprios petistas, o inesperado foi a não eleição de Juraci Scheffer.
Na encruzilhada
O pior resultado eleitoral para o PT foi em Belo Horizonte, onde Márcio Lacerda impôs a uma acachapante derrota ao seu principal adversário, Patrus Ananias, na terra do presidenciável Aécio Neves. Mas seus candidatos também andaram mal em outras capitais estratégicas, como Recife, Salvador e Sul do País. Em S.Paulo, centro das principais atenções do partido, o candidato Haddad tem de enfrentar um segundo turno contra José Serra. Faltando dois anos para as novas eleições, carregando o espectro do mensalão, o partido tem de andar ligeiro na reprogramação de sua imagem.
Balanço em BH
Reunião de ontem à tarde do alto comando do PSDB, em Belo Horizonte, promoveu o balanço das eleições em Minas, com a constatação de que a base aliada do projeto político do senador Aécio Neves elegeu prefeitos em quase 85% dos 853 municípios. Desses municípios, 55 respondem por 54% do eleitorado do estado. A reunião de ontem teve, além de Aécio Neves, a presença do presidente do partido, Marcus Pestana, do vice-governador Alberto Pinto Coelho, secretário Danilo de Castro e o deputado Rodrigo de Castro.
PSDB em JF
Ontem, ao terminar a reunião em que se avaliou o resultado das urnas, o presidente do PSDB, Marcus Pestana, disse que o partido ainda não definiu qual o rumo que adotará frente ao segundo turno em Juiz de Fora. Tudo vai depender, segundo disse, de entendimentos que começam no domingo, quando o governador Antônio Anastasia retorna do México, para onde viajou ontem à noite. O deputado diz que o posicionamento dos tucanos vai depender do andamento das negociações e consultas partidárias.
((publicado na edição desta terça-feira do TER NOTÍCIAS ))

Nenhum comentário:

Postar um comentário