terça-feira, 7 de maio de 2013

Debate que interessa

Tão logo o senador Aloysio Nunes propôs que vereadores em municípios com mais de 200 mil eleitores fossem escolhidos pelo sistema majoritário surgiram debates em alguns centros onde a matéria interessa diretamente. Em São Paulo, por exemplo. E, pelo que se sabe, com uma tendência a aceitar a sugestão do senador.
Em Juiz de Fora, mesmo que a questão não desperte interesse geral, devia, pelo menos, motivar as lideranças da Zona Norte, que tem sido a mais prejudicada quanto à representação política: na Câmara aquela região tem apenas um vereador, embora ali estejam inscritos 130 mil eleitores.
Divergências
nas galerias
Ontem, foi publicado que o presidente da Câmara havia proposto ao prefeito um estudo sobre a possibilidade de fechamento, à noite, das duas galerias ao lado do Teatro Central, em nome da segurança e para impedir as depredações e a prática de sexo. Os que se preocupam com o bem tombado apoiam a iniciativa, simpática também a comerciantes, que em todas as manhãs são obrigados a lavar do piso os sinais das drogas e dos amores apressados.
Mas há uma preocupação que corre paralelamente: por causa dos bandidos e da insegurança, das grades e dos portões trancados, a cidade está cada dia mais presa, refém de si mesma.
Prisão cautelar
é uma tentativa
O secretário de Defesa Social, Rômulo Ferraz, ao reconhecer que o crime em Juiz de Fora já atingiu níveis preocupantes, anuncia que a cidade e outras 12 vão passar a receber tratamento preventivo especial, como tentativa de conter o progresso da violência. Uma das medidas previstas é a prisão cautelar: roubou ou assaltou mais de uma vez, cadeia imediata.
Os planos do secretário podem, contudo, esbarrar em duas dificuldades. A primeira é que não temos celas suficientes para tanta gente que precisa sair logo de circulação, embora essa gente bandida é presa de manhã e à tarde volta às ruas para continuar assaltando.
A outra dificuldade que pode comprometer as boas intenções de Ferraz é que a maioria dos crimes é praticada por menores, contemplados com um eufemismo hipócrita: não podem ser presos, mas apreendidos.
Ministérios
são muitos
Não há como discordar do que, em passado recente, o presidente nacional do PMDB, Valdir Raupp, recomendou: os ministérios reduzidos de 38 para 28, o que a presidente Dilma pode fazer sem maiores dificuldades, a não ser enfrentar as lamúrias dos partidos da base que são contemplados no primeiro escalão.
Mais importante que reduzir as despesas com os excessos ministeriais, é a própria funcionalidade do governo: os ministros são muitos, vivem atropelando deveres e atribuições, causando prejuízo geral.
Reforma para
ser consultada
É certo que falta aos deputados e senadores um esforço para prosperar a discussão sobre o projeto de reforma política, que ameaça avançar, mas, como as cadeiras de balanço, acabam ficando no mesmo lugar. Claro, eles não vão ferir uma estrutura eleitoral da qual se beneficiam. Isso já ficou demonstrado, quando criaram comissões separadas das duas Casas do Congresso, ideia adequada para confundir os objetivos.
Michel Temer, a voz política do governo, sugere uma consulta popular em 2014, para então o Congresso saber os rumos que deve tomar.
O choro
é geral
Em Belo Horizonte, o 30º Congresso dos Municípios Mineiros, que vai se estender até amanhã, vem servindo para perpetuar uma velha queixa dos prefeitos: os encargos aumentam na proporção inversa dos recursos. Como 60% deles dependem, direta e quase exclusivamente, do Fundo de Participação, ideal é que o governo federal se mostrasse mais generoso na partição do bolo tributário. Mas quem teria força e prestígio suficientes para conseguir isso? Governadores, senadores e deputados tentaram, mas não conseguiram.
Dia D para
o senador
Se não ocorrerem acidentes de percurso e as nuvens no firmamento político não deixarem o cenário em que se encontram hoje, dentro de dez dias o senador Aécio Neves será eleito presidente nacional do PSDB. É um passo importante para o seu projeto de suceder Dilma em Brasília, porque passa a ter visibilidade nacional; mas é apenas o primeiro passo de uma jornada que prevê outros desafios, um dos quais a resistência dos tucanos paulistas a qualquer projeto que não seja por eles comandado.
Apoio pela
tangente
Na eleição do governador, em 2014, o PT tentará reeditar em Juiz de Fora a aliança nacional que mantém com o PMDB, o que seria de alta importância para a campanha do candidato Fernando Pimentel. Se não obtiver a participação do diretório, tentará ganhar a facção peemedebista que no ano passado não apoiou Bruno, mas se incorporou à campanha de Margarida. É o que foi segredado ao redator por alta fonte interessada na alternativa.
No mínimo
é suspeito
Corre na internet a campanha nacional de esclarecimento sobre as ONGs, deixando no ar uma grave suspeita sobre a sinceridade dos propósitos dessas organizações.
Indaga-se: Por que não tem ONG no Nordeste, onde as vítimas da seca são 10 milhões, sujeitas à fome, à sede e à subnutrição?
Na Amazônia há 230 mil índios sem fome, sem sede, sem subnutrição. Lá as ONGs estrangeiras são 350. Por que? Porque a Amazônia tem ouro, nióbio, petróleo, as maiores jazidas de manganês e ferro do mundo, diamante, esmeraldas, rubis, cobre, zinco, prata, a maior biodiversidade do planeta (o que pode gerar grandes lucros aos laboratórios estrangeiros) e outras inúmeras riquezas que somam 14 trilhões de dólares.
Há mais ONGs estrangeiras indigenistas e ambientalistas na Amazônia brasileira do que em todo o continente africano, que sofre com a fome, a sede, guerras civis, epidemias de AIDS e Ebola, os massacres e as minas terrestres.
Não é, no mínimo, muito suspeito?
(( publicado também na edição desta quarta-feira do FOLHA JF ))
 

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