sexta-feira, 1 de abril de 2016




DESEMPREGO CRUEL


Que coisa singular. O Brasil inteiro preocupado com o emprego de dona Dilma e do vice-presidente Michel Temer, deixando passar de passagem essa multidão de desempregados que cresce nos grandes e médios centros da produção. Esses desocupados, que a crise empurra para a margem da estrada, já são quase 12 milhões. Considerada a média familiar de três membros, são 36 milhões de pessoas sob o risco de se verem privadas de necessidades básicas.

As estatísticas mostram que os trabalhadores expulsos do mercado estão saindo às ruas para fazer qualquer coisa em nome da sobrevivência; ainda que sobrevivência miserável. Como diria José Américo de Almeida, na “Bagaceira”, sobre os nordestinos famintos, são os resignados às necessidades de cada dia, não para ganhar a vida, apenas para não perdê-la.  


OLHO NO VICE


Quando as bancadas de oposição na Câmara dos Deputados informam que já têm quatro votos a mais que os necessários para remeter ao Senado a proposta de impeachment da presidente Dilma crescem os contatos de lideranças políticas com o vice Michel Temer. É a expectativa de que a precipitação dos fatos vai concorrendo para levá-lo à presidência.

Bem pesados tais fatos e a caminhada longa que a crise ainda promete, pode ser que as articulações se operam com alguma precipitação. Seria este o momento de o PMDB lançar programa de eventual governo complementar?

Seja como for e como se entender o momento, Temer tem um fim de semana em que polariza todas as atenções, na expectativa de que sua biografia contribua para ampliar a acidentada presença dos vice-presidentes que protagonizaram pelo século da história política do País. Basta recordar. Entre 1889 e 1930 cinco vices ocuparam a presidência da República: Floriano Peixoto, Afonso Pena, Nilo Peçanha, Wenceslau Braz e Delfim Moreira. Depois de 1954 todos assumiram: Café Filho, Nereu Ramos, João Goulart, José Sarney e Itamar Franco.
  

SOBRE 64


No dia 31, para lembrar o 64 do golpe, registramos aqui: aos que testemunharam aquele episódio e aquele momento, espantou sobretudo o fato de o governo ter ignorado a sublevação que o cercava, tramada tão às claras que nem cuidou de se manter escondida. E  mais: se algum mistério ainda restasse em torno da derrubada do presidente Goulart ficou a inexplicável omissão dos serviços de inteligência, que não advertiram nem sugeriram reações no momento adequado.

Pois na mesma noite da nota desta página tranquilizou ouvir entrevista na televisão do ex-ministro Almino Afonso dizendo tudo isso; e com as mesmas palavras. Almino, que foi um dos grandes homens daquele momento, explicou que ao meio-dia de 31 de março fez um telefonema a João Goulart alertando sobre a movimentação de tropas em Juiz de Fora, e dele ouviu, como resposta, que tudo não passava de conversa da oposição. Pouco depois, preocupado e conversando com Arthur Virgílio Filho, passou o general Assis Brasil, que Almiro considerava um despreparado, e também por ele foi tranquilizado.


Difícil de acreditar, mas o presidente Goulart só foi dar pela coisa quando as tropas do general Mourão se aproximavam do Rio de Janeiro, às 18 horas.








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