segunda-feira, 18 de abril de 2016






ÚLTIMA CARTADA

  
De volta ao chão a poeira da batalha que travou e perdeu, e perdeu feio, na Câmara dos Deputados, o governo dispõe de alguns caminhos para evitar que o Senado decrete o impeachment da presidente Dilma. O primeiro é afastar o ex-presidente Lula das negociações políticas, porque nesse particular se revelou desastrado, sem tato, antecipando premiações antes de ser conferida a votação. Foi um mau leiloeiro.

O segundo caminho é queimar a bandeira do “golpe”, porque isso não existe com 70%  dos votos da Câmara. Nem aqui nem em qualquer outra parte. Não colou a pregação governista.  

Terceiro caminho é apressar e expor logo as bases desse pacto que ela propôs, mas ainda sem detalhes. Isso talvez seja decisivo para a presidência, porque ao Senado, ao contrário da Câmara, que é uma casa essencialmente política, compete basicamente a unidade federativa. Essa ideia do pacto pode ser mais simpática aos senadores. Os deputados nem falaram de pacto.

E, ainda, o governo precisa superar lamúrias contra a Câmara, que, como se adiantou, tem na sua base a representação político-partidária. Não adiantaria, como não adiantou, querer limitar a visão dos deputados à interpretação jurídica dos fatos, por mais que sejam sustentáveis.

Não se ignora que são escassas as possibilidades de o governo ter êxito no Senado, onde é desafiado a barrar uma maioria simples, pois as bancadas do PSDB, PMDB e DEM são quase suficientes para acatar a proposta de impedimento. Mas, se vai tentar essa última cartada, é preciso que reconsidere a linha de atuação que vem adotando. E eliminar também as ameaças de “botar fogo” no Brasil através do MST. Caberia sensibilizar o Senado para as bases de um amplo acordo nacional.

É preciso, por fim, que a presidente explique, de viva voz, confirme ou desminta a notícia já veiculada de que teria sondado lideranças militares para a decretação do chamado “estado de defesa”, o que proporcionaria a ela a  suspensão da votação do impeachment no Congresso e o incômodo das hostilidades públicas da oposição. Uma espécie de estado de sítio com maquiagem; dessas maquiagens que usam veteranas senhoras, que escondem alguns sinais do tempo, mas não as rugas das ditaduras.



OMISSÃO


Sejam quais tenham sido as ideias e opiniões que se fizeram sobre a  presidente Dilma  e seu governo; concordem ou não com alegações jurídicas ou políticas para a decretação de seu impedimento; perdoem-se as pieguices de deputados que justificaram o voto para o agrado das mamães e dos netinhos; relegue-se até o fato de uma sessão histórica ser presidida por Eduardo Cunha.  Para tudo tem perdão ou explicação. Só não se pode perdoar é a abstenção de 7 deputados. Como admitir que diante de uma questão de tamanha importância, quando se discute  o futuro do Brasil, o sujeito se abstenha, manifestando indiferença, indefinição, um tanto faz como tanto fez. Para o omisso não há salvação.



O QUE FAZER?


Num ato de derradeira esperança, quando lhe escapavam as últimas bóias para sobrenadar no naufrágio, o governo da presidente Dilma mostrou coragem suficiente para mandar circular edição extra do Diário Oficial com centenas de nomeações de deputados e seus indicados, resultado dos “acertos” para conter o impeachment. Muitos estavam ali contemplados, mas votaram contra o governo. E agora? O que fazer com os amigos que traíram? Outra edição extra para o nada feito?



INAPTIDÃO


A presidente tem direito de acreditar na capacidade das pessoas que a cercam, sobretudo em tempo de grandes dificuldades. Mas há de convir que o ex-presidente Lula goza de total incapacidade para articular votos no Congresso Nacional. Fala muito e convence pouco.






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