segunda-feira, 25 de abril de 2016




Olho no Senado


Nesta semana, mais que em qualquer outra, voltam-se as atenções para o Senado, onde se decidirá a sorte do governo Dilma, sob um clima que conta com o pessimismo dos situacionistas, em grande parte descrentes da capacidade de reversão de um quadro hostil. A admissibilidade do processo de impeachment é tida agora como certa, considerando-se que 45 dos membros da Casa são claramente favoráveis ao afastamento da presidente.

O Senado representa a unidade nacional, razão porque cada Estado da Federação conta com três cadeiras, independentemente do seu tamanho ou de sua importância político-estratégica. Assim, na sua essência não é um plenário político, como se vê na Câmara. Pelo menos em tese há que promover um julgamento diferente do que se viu no plenário dos deputados.

 

Com tal característica, a presidente tem ali a derradeira esperança de seu mandato. Pensa que pode gozar da influência dos governadores junto aos senadores, embora eles não tenham se mostrado tão fortes como se imaginava na Câmara. No embate anterior a presidente só ganhou em três estados.

 

A formação igualitária nas bancadas na Câmara Alta sempre teve seus adversários, pois discordam de um critério que confere o mesmo poder de voto a unidades federativas tão diferentes. Isso vem desde a Constituição de 1891. No Império era pior, pois muitos senadores gozaram da vitaliciedade. Na República começaram ganhando nove anos, reduzidos para oito em 1934. O senador Lúcio Alcântara (PSDB-CE) propôs a redução do mandato  para quatro anos. Quase foi escalpelado pelos colegas.



Dever do vice


O filósofo Brasílio Sallum, da Universidade de São Paulo, estudioso do mandato presidencial de Itamar Franco, informa que em 1992, nos três meses que antecederam o impeachment  do presidente Collor, seu vice começou a se preparar para assumir, a partir de criação de uma base de coalizão política. Sabia que os dias do titular estavam contados, e não podia esperar o capítulo final.

O filósofo lembra o episódio para concordar com as  articulações feita pelo vice de hoje, Michel Temer, que se prepara para assumir, mesmo faltando a palavra e o voto conclusivos do Senado. Faz o que tem de se feito em nome da responsabilidade do cargo.



Nenhum comentário:

Postar um comentário