terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Ditadura tributária

Os brasileiros não se incomodaram, mas em alguns países houve quem tivesse muito dó de nós, quando soube que aqui cada cidadão trabalha 2.600 horas/ano só para pagar impostos. No ano passado, o Brasil se manteve no primeiro lugar entre os mais cruéis tributadores, um escândalo que não teve a menor repercussão interna. Eis um país fatalista, capaz de conviver com estranha dicotomia: quanto mais produzimos mais somos castigados pelos impostos. Pior, quando se vê que são recolhidos bilhões diariamente, mas persiste a carência de investimentos em áreas sensíveis, como saúde, educação e a malha rodoviária. Na mesma proporção em que o estado enriquece, a nação empobrece.
Só por dizer
Em abril do ano passado, em viagem ao Exterior, a presidente Dilma reconheceu o peso da carga tributária, sem, contudo, encorajar a sociedade brasileira com a promessa do governo de conter o apetite. Pelo menos, podia ter confessado o primeiro desafio, que a derrotou, isto é, o alto custo da máquina administrativa que comanda, com os vícios de um modelo há muito superado, agravado com as engrenagens da corrupção.
Sem calor
A temporada de renovação dos quadros dirigentes dos partidos, que se abre nos primeiros dias de março, pode passar sem prender a atenção dos políticos, porque a tendência é de haver mexidas apenas nos pequenos. O PMDB aproveitou o embalo da eleição do prefeito e já constituiu sua executiva, com Paulo Gutierrez na presidência. No PSDB e no PT há correntes sugerindo que permaneçam os atuais dirigentes.
Novo rumo
Assessores credenciados do ex-presidente Lula entraram nesta semana garantindo, até com veemência, que ele não será candidato em 2014, porém dedicado à campanha de reeleição da presidente Dilma. Mesmo que seja assim, o partido terá de se reorganizar para conviver com essa nova realidade, o lulismo em papel coadjuvante.
Votos certos
A oito dias da eleição do novo presidente da Câmara, o candidato que corre como favorito, Henrique Alves, fez as contas ontem e garantia que terá os votos de todos os deputados mineiros do PT, PSDB e PMDB. O que não é suficiente para uma boa aposta, porque nem sempre se concretizam as promessas de apoio. Em sua campanha, Alves está correndo o Brasil em avião particular de seu colega de bancada Newton Cardoso.
Precaução
Sobre a palavra de políticos mineiros, o ex-ministro Saulo Ramos advertia que é preciso redobrar cuidado quando se conversa com eles. Sempre é importante saber o que o mineiro quis dizer, não dizendo.
Desinteresse
Foi divulgado ontem, em Belo Horizonte: faltando sete dias para a licitação destinada à exploração do pedágio entre Juiz de Fora e Goiânia,já desistiram as construtoras mineiras que para isso se formaram em consórcio. A explicação para o desinteresse é o seguinte: o governo federal promete que o tráfego nessa área de concessão crescerá 4% ao ano.As empresas não acreditam.
O nosso bio
Faz parte dos levantamentos do TSE: em Juiz de Fora e mais 250 municípios do estado os eleitores já poderão votar pelo sistema biométrico em 2014. Assegura-se que quatro anos depois todos os brasileiros votarão com a impressão deixada pelo dedo. Confirmada tal previsão, não mais haverá necessidade de se pensar em aperfeiçoar os títulos, que até lá já serão peça de museu.
Pichadores
A Justiça não é tolerante com os candidatos, exigindo que, terminada a campanha eleitoral, promovam logo a limpeza dos muros e paredes onde gravam sua propaganda. Por que não exigir o mesmo dos pichadores? São os piores entre os muitos que promovem a poluição, com agravante dos prejuízos que causam aos proprietários. Como identificá-los? Com fiscalização e policiamento nas madrugadas, pois é quando agem os malfeitores. Para refletir No mês do cinquentenário da decisão do eleitorado brasileiro de devolver, através de plebiscito, os poderes presidenciais a João Goulart, que pouco mais de um ano depois seria derrubado por golpe militar, os partidos políticos podiam promover um amplo debate sobre a conveniência da consulta direta à sociedade sobre questões complexas. O plebiscito contribui para o aperfeiçoamento da democracia? Ou serve para o governante devolver ao eleitor uma decisão que tem medo de tomar?
((Publicado também na edição desta quarta-feira do TER NOTÍCIAS ))

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