domingo, 20 de novembro de 2011

Encruzilhada

A crise gerada pelas denúncias de irregularidades no Ministério do Trabalho entra nesta semana sob clima de impasse, depois que a presidente Dilma decidiu não permitir que a imprensa lhe mostre quem furta ou faz tráfico de influência no governo. A queda de seis ministros foi obra direta da mídia. E ela está disposta a conter a imprensa, mantendo-a no quarto poder, sem galgar outros degraus de sua influência. Não pode ser outra a razão de ter pedido ao ministro Lupi para se manter o cargo, apesar do massacre a que ele está sendo submetido.
Mas, agora surge mais um escândalo. Desta vez, descobriu-se que o ministro mandou liberar R$ 4 milhões para a mãe de um amigo do Amazonas investir num terreiro de candomblé. A presidente vai continuar tolerante e dividir as flechadas destinadas a Lupi?


Novo tempo

No sábado, o governador Antônio Anastasia deu por inaugurado o Aeroporto Itamar Franco, o regional da Zona da Mata, quando são passados dez anos desde a concepção do projeto até o início das operações. Os discursos e a animação da festa procuravam mostrar que não era apenas um aeroporto que estava nascendo; nascia também uma nova era para o desenvolvimento da Zona da Mata. O que pode ser verdade, se o empreendedorismo no campo da iniciativa privada mostrar sua cara. Há que dar uma resposta imediata, até porque o empresariado foi o setor que mais insistiu na execução desse projeto.
Nestas primeiras semanas em que está operando, o Itamar Franco revela-se um aeroporto para passageiros ( os voos têm 90% de ocupação), mas sua primeira finalidade é servir de terminal cargueiro. Vai nisso uma grande responsabilidade dos empresários, que precisam responder com produção de qualidade e competitividade.


Hélio de volta

Um ano depois de disputar e perder o governo de Minas, o ex-ministro das Comunicações Hélio Costa está de volta ao cenário político, agora como peça do projeto destinado a criar alternativa para a prefeitura de Belo Horizonte, onde Márcio Lacerda já colocou sua candidatura à reeleição. Num primeiro passo, Hélio poderia ser o nome do PMDB, credenciado no teste de 2010, quando recebeu 23% dos votos dos belorizontinos na disputa com Anastasia. Leonardo Quintão é o nome de que dispõe o partido, mas Hélio, além de maior experiência eleitoral, pode ganhar a simpatia da Presidência da República, uma boa parte do PT e um senador, Clésio Andrade, que em janeiro ingressa no PMDB, já levando seu aval à alternativa Hélio.
O PT e PMDB sempre tiveram facilidade para se unir, pelo menos no segundo turno, como também ocorreu em Juiz de Fora em 2008. União no primeiro seria uma experiência excitante para a eleição nas cidades onde os dois partidos têm muito prestígio.


Cerco à malandragem

A luta da democracia para vencer a fraude e a malandragem eleitoral do caciquismo é uma história de muitos capítulos, que começou nos tempos do Império, quando se votava pelo bico de pena: os chefes políticos do lugar organizavam as mesas coletoras dos votos, eles mesmos se ofereciam aos eleitores para votar em seu nome; gente simples, quase sempre analfabeta, aceitava, e o chefe dava a vitória em quem queria. Fácil nessa época dos ”currais eleitorais”, que nunca deixaram de existir totalmente. Sua versão mais recente, que sobrevive, são os ônibus e caminhões que os candidatos fretam para arregimentar eleitores em municípios ou estados vizinhos, portadores de títulos falsos ou vencidos. É o que explica os muitos casos em que o número de eleitores é igual ou superior ao de habitantes de onde se realiza o pleito.
O mais moderno remédio contra essa distorção é a biometria, que só exige do votante a identificação pelo toque do dedo polegar. Não há como votar com o dedo alheio...
A introdução do sistema, que se dá logo após a revisão dos registros, teve no ano passado, entre suas primeiras experiências, São João Del-Rei. Ponte Nova estará com a biometria em 2012, entre 15 outros municípios mineiros, totalizando 80 mil eleitores.


Bandeira esquecida

O 19 de novembro, dia da Bandeira, a cada ano fica mais esquecido, e pode ser que em pouco tempo acabe banido por completo do calendário cívico. No sábado, podiam ser contados com os dedos da mão os prédios públicos que a hastearam.
Pois quem salvou a honra da pátria foram os sírios, libaneses e os descendentes, na comemoração dos 47 anos do seu clube: as bandeiras dos três países foram solenemente entronizadas.


Projeto sustado

O e x-vereador Josemar da Silva, preso por causa de embrulhadas nas sempre generosas licitações em órgãos públicos, certamente terá de sustar o projeto que o acalentava de voltar à Câmara, cinco anos depois de estar longe das urnas. Em 2006 chegou a se registrar candidato a senador e ficou devendo ao TRE a prestação de contas.
Quanto ao que Josemar sabe sobre os bastidores da política municipal, o perigo que oferece é o mesmo de Nem em relação ao tráfico: se decidir falar, as coisas podem ficar complicadas.


Romildo tá com tudo

O governo tem obrigação de explicar a quem coube a decisão de conceder passaporte diplomático ao “missionário” Romildo Ribeiro Soares, mais conhecido como RR Soares, e sua mulher, sabendo-se que tal prerrogativa se deve apenas a pessoas que exercem atividade de interesse nacional. Pelo que se sabe, a Igreja da Graça de Deus está longe de tal exigência.
Com a influência de gente desse tipo, cabe perguntar para que bandas tem andado o Estado laico?


(( publicado também na edição desta segunda-feira do TER OTICIAS ))

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