domingo, 27 de novembro de 2011

Uma pedra no caminho

Cinco dias depois de receber as bênçãos do comando nacional do PMDB para entrar na disputa da prefeitura de Juiz de Fora, o deputado Bruno Siqueira aproveitou o fim de semana para se reunir com vereadores e membros do diretório municipal, e com eles traçar planos. De Brasília, trouxe também a expectativa dos dirigentes de que o ex-prefeito Tarcísio Delgado, principal figura do partido e líder de metade do diretório, referende a candidatura, mesmo sem que tenha sido previamente consultado. Há pedra para ser removida.
Quase na mesma hora da reunião dos peemedebistas, uma outra se processava no PSB, onde o deputado Júlio Delgado, filho de Tarcísio, reafirmava a decisão de disputar, com a garantia de apoio de um PMDB historicamente ligado ao pai. Presente um deputado famoso, o ex-jogador Romário, que se prontifica a sentar barraca em Juiz de Fora para apoiar a candidatura do colega de bancada.
Tão longe das convenções, mais ainda das eleições, abre-se o campo para algumas questões. Por exemplo: conseguirá o PMDB chegar unido a outubro de 2012? O que leva os dirigentes a achar que Tarcísio se oporia à candidatura do filho, ainda que os dois possam ter alguma divergência de natureza política? Ou acham que o PSB está blefando?


Novo oráculo

O governador Antônio Anastasia havia herdado de seu antecessor, Aécio Neves, uma base de apoio parlamentar que necessitou apenas de alguns retoques. Agora, contudo, terá de intervir para conviver com a nova realidade criada com a chegada do PSD, que, nem bem acabou de nascer, e já é a terceira força na Assembleia, equiparada à do PMDB.
Outra novidade para o diálogo partidário do governo com os deputados é que, surgindo o PSD, desfalca-se o bloco até agora monolítico formado pelo PMN, PP, PSC, PSL e PV, cuja capacidade de influir estava na mesma medida em que se mantinha unido.


Velhos colegas

Quantos terão sido os engenheiros contemporâneos de Itamar Franco, que lhe sobreviveram e hoje à noite podem estar reunidos no Clube de Engenharia, no Rio, onde ele será homenageado? Não serão muitos, mas os promotores da homenagem há dias trabalham para saber por onde andam os contemporâneos de profissão. De Juiz de Fora, entre outros, Gumercindo Machado, Fernando Vaz Magalhães, Jarbas de Souza, Carlos Alberto Oliveira, Eduardo Hippert, Amabeny Zoet e Marcello Siqueira, que fala no Rio em nome da família e dos amigos.
A sessão solene de hoje, no Clube de Engenharia, encerra uma série de seis meses de homenagens à memória do ex-presidente.


União de forças

Na noite de quinta-feira a Agência de Desenvolvimento Regional empossou sua nova diretoria, sob a presidência de Jorge Montessi, com mandato de três anos. Uma tônica nos discursos da solenidade e nas expectativas de quem os ouvia: a necessidade de maior integração das forças políticas e empresariais, porque sem ela não haverá como atingir os objetivos da entidade.
Desde que foi criada, na década passada, a Agência tem um desafio: fazer com que o processo de desenvolvimento econômico e social não se concentre em apenas alguns pontos, mas beneficie toda a região.


Política e poema

Paulo de La Peña, entre os poetas mais inspirados da cidade, acaba de lançar seu “Temas & Poemas”, desta vez dedicando uma página à política, tema de rara presença em sua obra. Na página 28 diz ele:
“A política é uma pura ciência social./ O político é seu usuário eventual./ A política é a essência de uma nação./ O político é personagem de ocasião./ Se caminham juntos com seriedade,/ O resultado é o bem-estar da coletividade./ Mas quando se afastam de sua filosofia,/ Surge a figura torpe da demagogia./ A política precisa de credibilidade./ O político tem de ter conduta decente./ Pois juntos fazem acontecer a verdade./ A política pede sempre transparência./ O político tem de ser coerente./ Só assim sobrevive essa ciência.


Em nome de um nobre desconhecido

A última reunião do ano do Instituto Histórico e Geográfico, na quinta-feira à noite, foi dedicada a um brasileiro muito ilustre, mas quase totalmente desconhecido em seu País: Peter Brian Medawar, que nasceu em Petrópolis em 1915, logo revelou os primeiros sinais de sua genialidade no campo da pesquisa científica. Para falar sobre o notável cientista o Instituto convidou a professora Daura Rocha, mineira radicada no estado do Rio, assistente da Fundação Cultural de Petrópolis, devotada à causa de tornar o cientista conhecido, a começar pelo fato de ter sido o único brasileiro a ganhar o Prêmio Nobel.
Ainda jovem, com 24 anos, ele iniciou suas pesquisas no campo da microbiologia, atividade em que seria duas vezes aprovado em primeiro lugar para concurso de cátedra na Inglaterra, culminando em 1960, quando realizou os primeiros estudos sobre dificuldades de transposição de tecidos humanos e o desenvolvimento de vacina para superar essa dificuldade. Com base em suas experiências realizou enxertos em animais. O conjunto de suas pesquisas lhe valeu o Prêmio Nobel de 1960 na categoria Fisiologia, nas já então naturalizado cidadão inglês.
Por que Peter teve de optar pela cidadania inglesa, mesmo sem jamais renegar sua brasilidade? Porque o presidente Gaspar Dutra não permitiu que fosse dispensado do serviço militar para prosseguir seus estudos. Ele morreu em 1987.


(( publicado também na edição desta segunda-feira do TER NOTÍCIAS ))

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