segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Cova rasa

Os candidatos do PT às principais prefeituras vêm escapando, tanto quanto podem, do incômodo de ver alguns dos grandes nomes do partido citados no Supremo Tribunal Federal no caso do mensalão. Mas os dirigentes, que raciocinam sobre efeitos a longo prazo, não apenas nas prefeituras, acham que o melhor que se faz é agir rápido, sem consolos heroicos, e sepultamento dos condenados sem muitas cerimônias. Tal como na condenação de João Paulo, grande figura petista celebrado como um dos principais bandidos do mensalão. Em menos de 24 horas foi rifado como candidato a prefeito de Osasco. Defunto, também sabem os velhos petistas, a gente leva até a cova. Não entra nela para ficar solidário com o morto.
Explicando
Quando é chamado a explicar o índice de resistência do eleitorado com que tem sido contemplado nas pesquisas, o prefeito Custódio Mattos fala sobre as dificuldades que enfrentou no começo do mandato, medidas nem sempre simpáticas que teve de adotar para enfrentar a crise, além de reconhecer que não se cuidou suficientemente da comunicação. Não há como negar tais explicações, mas parece que também pesa um outro fator, que atropela e passa por cima do prefeito: quando muitos se queixam de a cidade ter permanecido 30 anos governada por apenas três homens, desses três Custódio é o único que esta com a pele exposta e sujeita às urnas.
Voto consciente
A partir de sexta-feira e até domingo a Arquidiocese estará promovendo uma campanha de conscientização do voto. A proposta, neste ano, é que as paróquias realizem debates sobre “a importância de escolher bem os candidatos, com suas propostas de trabalho, valorizando o voto e fortalecendo o processo democrático”, como publicou no domingo o informativo “Voz da Catedral”. Também com previsão para o fim de semana, a divulgação de uma carta do metropolita, dom Gil Antônio, orientando os fiéis sobre a importância do voto consciente, principalmente o voto para o candidato que se disponha a trabalhar pelos reais valores da vida.
Tom do recado
Em Belo Horizonte, com seu candidato enfrentando o PT, o senador Aécio Neves investiu pesado contar Lula, que na sexta-feira foi dar palavra de apoio a Patrus Ananias. Hoje, em Juiz de Fora, sabendo que também aqui a luta é contra os petistas, o senador deverá repetir a carga. No caso local, dependendo do que disser e como disser, ele pode contribuir para apimentar um pouco a campanha, ainda morna. Até agora, os candidatos têm preferido o esgrima ao canhão.
Pesquisa
Juiz de Fora está entre as cidades onde o desenvolvimento da campanha eleitoral é acompanhado pelo governo do estado com pesquisas científicas quinzenais, que se pretendem isentas de influências locais. Mas elas se servem para orientação do Palácio, sem divulgação externa.
Dinheiro do povo
Tem razão o senador Aécio Neves quando diz que o dinheiro para fazer obras públicas é dinheiro do povo, quer seja estadual, quer seja federal. É o resultado do imposto que todos pagamos. Acontece que as pessoas moram nos municípios, e ali são realizadas as obras/serviços para o cidadão. Mas, nas campanhas eleitorais para a chefia do executivo municipal esse debate entra na pauta trazendo certa confusão para o eleitor comum. O debate correto seria a ocorrência de um novo pacto federativo no Brasil, de forma a evitar que o governo federal centralizasse a maior fatia dos recursos arrecadados pelos impostos pagos pelos brasileiros. E lembrar que a distribuição via orçamento anual depende de muito jogo de interesses públicos e privados.
(( publicado na edição desta terça-feira do TER NOTÍCIAS ))

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