terça-feira, 10 de julho de 2012

A volta do voto nulo

Nem bem começou a campanha eleitoral e os muros já aparecem pichados pelos adeptos do voto nulo, convocando o eleitor a conferir ampla e total inutilidade ao primeiro direito de sua cidadania, que é escolher a quem confiar os destinos da comunidade em que vive. Para essa campanha da nulidade argumenta-se que ninguém presta, o que expõe certa presunção das pessoas e entidades que se dedicam a esse movimento, porque quando alguém diz que ninguém serve é porque se julga tão sábio e tão probo, que todos os demais são imprestáveis. Essa pretendida superioridade não pode ser aferida ou testada, porque a campanha do voto nulo nunca vem com assinatura. Sempre foi filha dileta do anonimato. Não há novidade nessa observação. Velho também é dizer que o voto anulado é sempre o prêmio indireto que se dá ao candidato ruim. Não é preciso muito esforço para compreender. Quem chega à urna com a disposição de anular o voto, tão esclarecido a ponto de não ver méritos e competência em nenhum entre dezenas de candidatos, acaba deixando espaço para o eleitor despreparado, que certamente votará em candidato ruim. O mal eleitor, aquele que vota por interesses imediatos ou vota em quem tem apelido engraçado, esse faz logo sua opção; e, como opta pelo ruim, é agradecido ao tal “conscientizado” que preferiu anular e se omitir. O ausente talvez agisse diferentemente se lesse a Dominga do Padre Vieira, para que, a omissão é o pecado que se faz, não fazendo. Fica claro, então, que o voto nulo é o voto que se dá indiretamente ao pior. Essa campanha que volta a frequentar as paredes nas madrugadas, e que em rigor devia estar no paredão, é muito perigosa. Seus adeptos, ainda que propugnando por ninguém e pelo nada, têm o poder de influir ou não influir no resultado final de um pleito. Não é preciso ir muito longe: em 2008, quando se disputou o segundo turno em Juiz de Fora, a diferença que favoreceu a Custódio Mattos na disputa do segundo turno com Margarida Salomão foi de 10.418 votos. Pois naquela mesma eleição os votos nulos foram 15.404, bem superiores, portanto, à diferença que definiu o destino da prefeitura para os quatro anos seguintes.
Museu em foco
O jornal” O Globo” vem assumindo as dores de Juiz de Fora e de Minas pelas precárias condições a que está condenado o Museu Mariano Procípio. Depois de página inteira no domingo, o editorial de ontem foi um grave chamamento de autoridades e entidades à responsabilidade, ao afirmar que ”vistas pelo estrito aspecto físico, as infiltrações e rachaduras que tomam conta da construção de estilo renascentista do Museu Mariano Procópio, em Juiz de Fora (MG), representam uma permanente — e grave — ameaça à preservação do acervo da instituição, em torno de 50 mil objetos de arte. Entre as peças ali guardadas, que o tornam um dos maiores museus imperiais do país, estão ícones de episódios que o Império legou à História brasileira, como os trajes da coroação, da maioridade e do casamento de D. Pedro II, roupas da princesa Isabel e esculturas de artistas como Rodolfo Bernardelli, Marius Jean Mercié e outros”. O editorial vai além, ao lembrar que “ o abandono do Mariano Procópio tem significado mais amplo do que a degradação física da instituição. Infiltrações, rachaduras e riscos para obras de arte, retrato comum a outros museus, são símbolos do pouco apreço que se dedica à preservação da memória iconográfica nacional. As goteiras que pingam em Juiz de Fora também inundam de negligência a política de conservação da História e da arqueologia brasileiras”.
Faltou pouco
Faltaram apenas 308 eleitores inscritos para que Governador Valadares pudesse decidir a eleição do seu prefeito em segundo turno, que é critério adotado para todos os municípios que chegam a um colégio de 200 mil eleitores. Da segunda votação, no último domingo de outubro, só escapam os municípios que elegem prefeito na primeira rodada. Quanto a Governador Valadares, é certo que esta é a última vez em que seu eleitorado fica reduzido a um único turno.
Os apelidos
Os apelidos, colocados à frente do nome dos candidatos a vereador, são permitidos pela legislação eleitoral para facilitar ao eleitor a identificação de sua preferência. Nem todos concordam, porque a competência do cidadão para legislar em nome da sociedade não haverá de ser identificada pelo apelido ou pelo hipocorístico. Ocorre que com a benevolência da Justiça e a tolerância dos partidos muitos candidatos abusam do direito de lançar mão do mau gosto, como se lê na página 3 do TER NOTÍCIAS.
Pelo dedo
Nos quatro meses que se seguirem à eleição de outubro estudos que são realizados pelo Tribunal Superior Eleitoral deverão apontam a possibilidade de a eleição de 2014 ser contemplada com o progresso da biometria. Pelo menos 80% dos 5.560 municípios brasileiros estariam aptos a aplicar a inovação, o que serviria para colocar o Brasil nessa outra vanguarda das evoluções no sistema eleitoral. Os especialistas aplaudem, afirmando que o voto pelo dedo é a morte definitiva da fraude. (( publicado na edição desta quarta-feira do TER NOTÍCIAS ))

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